O céu ao mesmo tempo é sombrio e lívido.....
O mar, desde o horizonte até os pés do observador, uma só comoção, inquieta, ameaçadora....
Ondas em busca de seu caminho, hesitantes, confluentes, conflitantes...
Em primeiro plano, um recorte de pedra, delicado como a renda de espuma para os olhos, mas cruel...duro...cortante...e áspero para a pele.
A tormenta do mar se reforça pelo refluxo das ondas que embatem contra a pedra e retornam frustradas, para se reorganizar outra vez e voltar por séculos e séculos.....as pedras mudam...também elas, pela paciência incansável das ondas do mar......
Logo após o primeiro plano áspero, a mantilha da espuma dando leveza e a delicadeza que contrastam com o peso, a ameaça e o sombrio do restante.
Equilíbrio dinâmico, contrários, equilibrados na imagem.
Na verdade, a dureza não tem sentido sem a moleza, nem o peso sem a leveza.
Um não se compreende sem o outro!
Um não existe sem o outro!
Yin e Yang - reunidos, como um só!
A dialética do acontecer!
Imagem Universal - como as ondas! Grandiosa como o mar! Tudo pulsa em nós: o coração, o pulmão, as vícers todas.
Também nós pulsamos - quando vivos ( o que é raro ), porque a convenção nos quer iguais, firmes, estáveis, sólidos - sempre os mesmos, para sempre os mesmos.
Assim, organizar pessoas é fácil, tão fácil como organizar tijolos numa parede ou papéis num arquivo, peças numa prateleira ou operários numa linha de montagem, ou funcionários num escritório....
CADA UM É AQUILO QUE É E NADA MAIS!
É proibido mudar!
Senão desorganiza tudo!
Que viva a organização!
Que morra a individualidade, a mudança e a vida!
É PROIBIDO PULSAR!
É PROIBIDO PULSAR!
Então...a onda se rasga contra a rocha, então o ondular da insinuação do corpo, do rastejar do desejo, do refrear do anseio se machuca contra o outro, contra o preconceito, contra a obrigação, o certo.
E a renda se rasga contra a rocha....
A rocha contundente da agressão.....
Por que você não deixa que eu me desmanche em espuma depois de ter crescido como onda?
E a renda se rasga contra a rocha....
A rocha contundente da agressão.....
Por que você não deixa que eu me desmanche em espuma depois de ter crescido como onda?
Por que você não se faz onda comigo e juntos fundimos no mar?
Por que você me segura - se agarra em mim - para que eu fique aqui, para que eu seja assim, para que eu permaneça sempre a mesma - tua para sempre?
Qual tua mágica bruxo, que se transforma de onda em pedra?
Sou eu falando contigo?
Ou és tu falando comigo....
Ou somos os dois falando sozinhos?
Como seria bom se fôssemos os dois falando contra a pedra....
Como seria bom, unirmo-nos na briga, já que unirmo-nos amor parece impossível......
Por que você me segura - se agarra em mim - para que eu fique aqui, para que eu seja assim, para que eu permaneça sempre a mesma - tua para sempre?
Qual tua mágica bruxo, que se transforma de onda em pedra?
Sou eu falando contigo?
Ou és tu falando comigo....
Ou somos os dois falando sozinhos?
Como seria bom se fôssemos os dois falando contra a pedra....
Como seria bom, unirmo-nos na briga, já que unirmo-nos amor parece impossível......
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